A depressão pós-parto, também conhecida como depressão perinatal, costuma ser uma das principais preocupações de quem engravida. De acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), uma em cada quatro mulheres desenvolve depressão pós-parto após a gestação.
Confira a seguir quais são as causas, sintomas, tipos de tratamento e saiba se é possível prevenir a depressão pós-parto.
Depressão pós-parto: o que é e causas
Definida como uma “condição de profunda tristeza, desespero e falta de esperança que acontece logo após o parto”, a depressão pós-parto não tem uma causa específica e pode ser desencadeada por uma série de fatores.
De acordo com o Ministério da Saúde e a Febrasgo, fatores hormonais, emocionais e até mesmo comportamentais podem levar à depressão pós-parto. São eles:
- Histórico de depressão e de ansiedade;
- Estresse;
- Privação de sono;
- Isolamento;
- Alimentação inadequada;
- Sedentarismo;
- Falta de apoio do parceiro e/ou da família;
- Cesariana de emergência;
- Cuidado constante do bebê que acaba de nascer;
- Dependência em crack, álcool ou de outras drogas.
Embora muito associada às mulheres, o Ministério da Saúde informa que homens também podem desenvolver depressão pós-parto.
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Quanto tempo dura a depressão pós-parto?
Normalmente, a depressão pós-parto pode começar a manifestar sintomas logo nas primeiras semanas após o parto. O quadro pode durar por um ano ou um pouco mais, segundo a Febrasgo.
Há ainda quem apresenta sintomas antes, e por isso, o termo ‘depressão perinatal’ tem sido difundido pela comunidade médica para indicar o quadro de depressão ainda na gestação.
Sintomas depressão pós-parto
A tristeza profunda, a dificuldade para lidar com a rotina e o sentimento de desespero costumam ser os principais sintomas da depressão pós-parto. No entanto, não são os únicos sinais.
Confira outros sintomas associados à depressão pós-parto:
- Cansaço e sono excessivo;
- Insônia;
- Perda ou ganho de peso repentinos;
- Fome súbita;
- Perda de interesse ou prazer em atividades cotidianas;
- Pensamento de morte;
- Vontade súbita de fazer mal ao bebê;
- Dormir muito ou não dormir o suficiente;
- Sentimento de indignação ou culpa;
- Dificuldade de concentração;
- Ansiedade e excesso de preocupação.
Diferença entra baby blues e depressão pós-parto
Confundido com a depressão pós-parto, o baby blues (ou tristeza puerperal) consiste em uma tristeza e momentos de choro intenso após a gestação. A Febrasgo aponta que pelo menos 50% das mulheres desenvolvem o baby blues.
Trata-se de um quadro autolimitado (ou seja, que se resolve sozinho), que se inicia entre o segundo e o quinto dia após o parto e se encerra em poucas semanas. Em casos em que os sentimentos negativos avançam por mais de três semanas, o indicado é investigar se o quadro se trata de uma depressão pós-parto.
Depressão pós-parto: como superar
Para superar a depressão pós-parto, o primeiro passo é obter diagnóstico. Ele costuma ser feito em conjunto, entre ginecologistas/obstetras e psiquiatras, profissionais que avaliam os sinais clínicos e podem fazer alguns testes, como a Escala de Depressão Pós-parto de Edimburgo (EPDS), usada para investigar o quadro.
Um dos principais desafios da depressão pós-parto, porém, é o tratamento. Estigmas e preconceitos relacionados a doenças mentais, especialmente as associadas à gestação e à maternidade, dificultam tanto o processo de diagnóstico quanto o tratamento. Dados apontam que apenas 14% das mulheres com depressão pós-parto recebem os cuidados devidos para lidar com a condição.
Ainda assim, a depressão pós-parto pode ser tratada com antidepressivos combinados com psicoterapia.
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Complicações da depressão pós-parto
O risco da depressão pós-parto não tratada adequadamente é o surgimento de complicações, como a psicose pós-parto e a dificuldade de aleitamento.
Psicose pós-parto
Mais rara, a psicose pós-parto é uma condição considerada grave e ocorre quando a depressão pós-parto evolui. Menos de 1% das mulheres apresentam a condição, que tem como sintomas:
- Variação acentuada do humor (euforia e irritação);
- Desconexão com o bebê e pessoas ao redor;
- Sono perturbado, mesmo quando o bebê está dormindo;
- Pensamento confuso e desorganizado;
- Alucinações (visuais, auditivas ou olfativas);
- Pensamentos delirantes e irreais.
Uma das situações de risco da psicose pós-parto é a ocorrência de infanticídio, desencadeado por pensamentos delirantes de que o bebê vai morrer ou de que apresenta algum problema de saúde grave.
Aleitamento
Outra complicação possível em situações de depressão pós-parto é a negligência ou dificuldade de amamentar.
Com dificuldade para se conectar com o bebê ou lidar com a nova rotina, é comum que mulheres com depressão pós-parto tenham problemas para amamentar, o que pode prejudicar tanto o desenvolvimento do bebê quanto o bem-estar da mãe, uma vez que a amamentação contribui para estabilizar os hormônios associados à depressão pós-parto.
É possível prevenir a depressão pós-parto?
Algumas práticas costumam ajudar a prevenir a depressão pós-parto. São elas:
- Ter e oferecer ajuda para a mulher dormir bem;
- Alimentação saudável;
- Evitar o isolamento;
- Evitar cafeína, álcool e outras substâncias;
- Se há histórico de depressão, ansiedade, bipolaridade e outros transtornos, vale procurar orientação profissional mesmo sem sintomas aparentes;
- Pedir ajuda profissional, caso suspeite de depressão pós-parto.
Vale lembrar que cada organismo é único e que os efeitos dessas práticas podem variar de pessoa para pessoa.
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Referências
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/d/depressao-pos-parto
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/d/depressao-pos-parto/complicacoes
https://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias/nutricao/depressao-pos-parto
https://www.febrasgo.org.br/media/k2/attachments/EdioZWebZAtualizada.pdf