O número de suicídios preocupa órgãos e instituições no mundo todo e é considerado, atualmente, um problema de saúde pública. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 700 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano. Entre jovens de 15 a 29 anos, o suicídio é a quarta causa de morte mais recorrente.
Pensando em estratégias de conscientização e prevenção ao suicídio, setembro é o mês escolhido para trazer o tema à tona, sendo o dia 10 a data endossada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o “Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio”.
Entenda, a seguir, qual é o cenário de suicídio no Brasil, os sinais de alerta e como ajudar pessoas com comportamentos suicidas.
Suicídio no Brasil: população jovem preocupa
Segundo a OMS, as taxas de suicídio estão diminuindo em nível global. Porém, quando observamos os dados regionais, a América Latina chama atenção pelo crescimento dos números. Entre 2000 e 2019, enquanto os índices em todo o mundo caíram 36%, na América Latina houve um aumento de 17% no total de casos de suicídio.
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No Brasil, dados levantados pela Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) apontam um aumento do risco de morte por suicídio. As regiões Sul e Centro-Oeste são as mais preocupantes por registrarem as maiores taxas.
Segundo a OMS, 38 pessoas tiram a vida todos os dias no país e, ao menos, 20 casos de tentativas frustradas são registradas diariamente no país.
Jovens: por que eles demandam atenção?
Chama atenção o número de tentativas de suicídio realizadas por jovens. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), pelo menos mil crianças e adolescentes entre 10 e 19 anos tentam o suicídio por ano. Isso sem levar em consideração a subnotificação, que pode aumentar ainda mais os números.
Outro ponto de atenção diz respeito à população masculina jovem. Segundo a SBP, entre 2012 e 2021, o total de casos de suicídio em homens jovens (6.801) foi mais do que o dobro do registrado em mulheres jovens (3.153). Mulheres jovens, por outro lado, costumam tentar o suicídio mais vezes do que os rapazes.
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Sinais de alerta
Mas como reconhecer se uma pessoa tem ou não comportamentos suicidas? Para responder a essa pergunta, o Centro de Valorização à Vida (CVV) elaborou um manual de
conscientização, ação e prevenção ao suicídio. Conforme o material, alguns sinais mostram se uma pessoa apresenta comportamentos suicidas. São eles:
Preocupação com a própria morte ou falta de esperança
A morte e o suicídio se tornam assuntos recorrentes. Soma-se a isso a sensação de culpa e perspectiva negativa sobre a própria vida. Além disso, é comum indivíduos começarem a formular testamentos e seguro de vida.
Isolamento social
Pessoas com ideias suicidas tendem a se afastar de amigos, familiares e colegas de trabalho. O isolamento pode ser tanto físico, evitando eventos e ficando no quarto, como digital, deixando de participar em conversas e interagindo menos nas redes sociais.
Expressão de ideias ou intenções suicidas
Frases como “vou desaparecer”, “eu queria dormir e nunca mais acordar”, “é inútil tentar fazer algo para mudar, eu só quero me matar”, entre outras, são declarações comuns de quem apresenta comportamento suicida.
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Vale lembrar que esses comportamentos não devem ser analisados de forma isolada, mas sempre levado em consideração contextos e situações maiores.
Além desses comportamentos, fatores externos também colaboram para que o indivíduo se se sinta vulnerável e comece a pensar em suicídio. São eles: exposição a agrotóxicos, perda de emprego, crises políticas e econômicas, discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, agressões psicológicas e/ou físicas, sofrimento no trabalho, diminuição ou ausência de autocuidado, conflitos familiares, perda de um ente querido, doenças crônicas, dolorosas e/ou incapacitantes.
Mitos e verdades
O suicídio ainda é um tabu e o preconceito sobre o tema ainda permanece. Para desvendar os mitos e verdades, o manual elaborado pelo CVV reforça que:
- A pessoa com intenção de tirar a vida avisa e dá sinais;
- Comportamentos suicidas nunca devem ser interpretados como uma forma de chamar atenção, ameaça ou chantagem emocional;
- Perguntar sobre a intenção de suicídio não aumenta o desejo de realizá-lo;
- Suicídio não é hereditário;
- Falar sobre suicídio não estimula o ato em si.
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Como ajudar e prevenir casos de suicídio
Caso você identifique alguém ou perceba em si mesmo comportamentos suicidas, não deixe de buscar e oferecer ajuda profissional. Existem várias formas de ajudar, mas a principal é dar atenção e apoio a quem precisa no momento.
Além de psicólogos e psiquiatras, institutos de saúde oferecem apoio a quem precisa. São eles:
- Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e Unidades Básicas de Saúde (UBS).
- Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24h;
- Serviço de Atendimento Móvel às Urgências (SAMU 192);
- Prontos-socorros e hospitais;
- Centro de Valorização da Vida – CVV 188 (ligação gratuita).
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Referências
https://www.cvv.org.br/wp-content/uploads/2017/09/folheto-popula-o.pdf
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/suicidio-prevencao